terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Crepúsculo x 50 Tons de Cinza



          A desocupação nos leva a fazer coisas estranhas. A falta de vontade de fazer as coisas que a gente deveria estar fazendo, muito mais. Mas veja, sou formada em língua inglesa, o que inclui literatura. Sempre fui apaixonada por livros, razão pela qual escolhi esse curso. E já li os tão aclamados livros clássicos, os mais famosos e inteligentes, as fantasias, romances e bons autores, enfim. E, com base nisso, as pessoas não conseguem entender porque eu gosto de livros considerados "ruins", para dizer o mínimo. E veja bem, não vou me propor a explicar isso. Na verdade, resolvi traçar um paralelo entre dois romances que são esculachados pela crítica: Crepúsculo e 50 Tons de Cinza. Por que? Porque eu quero.

          Começando pela diferenciação livro/filme. Em ambos os livros as garotas são pessoas comuns, meio sem sal, que estão vivendo a vida delas, até que aparece alguém sensacional que as leva a ver a vida de outra forma. O problema dos filmes é fazer essas garotas "sem sal" beirarem o retardo mental. Elas são tímidas, mas de opinião forte. Ambas tem uma família não muito estruturada, seja lá o que isso for, o que influencia quem elas se tornaram.

          Já os homens são muito ricos, lindos (questionável se formos pelo filme), tem um passado sombrio, alma angustiada, e são potencialmente perigosos. É até engraçado ver os filmes, Edward e Grey falam quase a mesma coisa, sobre não serem o parceiro ideal e que é melhor que elas se afastem. Acho que é aqui que as autoras começam a traçar as linhas que prendem os leitores à história. Um mistério, e um amor impossível (ou, pelo menos, um bem complicado). E aquela visão de que aparecerá alguém, quando o amor for verdadeiro, que conseguirá mudar a pessoa para melhor. Culpem a Disney.

          E se você vê, é bem cliché, o "vou te amar para sempre", as cenas onde elas são salvas de caras babacas, o segurar o cabelo para vomitar, muahahah, eterna donzela em perigo com seu cavaleiro em carro importado. Ainda gosto mais da inevitabilidade de Crepúsculo. Edward não pode deixar de ser o que é. O Grey poderia ir a um psicólogo. Se bem que acho que ele foi a alguns, não lembro direito. Além disso, há muito mais de amor simples e puro no conto dos vampiros. Christian já começa agindo meio babaca com o contrato (e o resto).

          E como maníaca por Alice no País das Maravilhas, não poderia deixar de notar os bilhetes de "Eat me", "Drink me", que Christian deixa para Anastasia, quando ela bebe demais e desmaia. Não encontrei paralelo em Crepúsculo. Deve ser porque estou assistindo o filme do Grey enquanto escrevo. E esse é o segundo filme de hoje, o primeiro foi O Livro do Amor, que também tinha o recado de "Drink me". As melhores pessoas são loucas, não é mesmo Alice??

          Agora entendi porque nunca terminei os livros do Grey, ele é mandão demais. Não como se fosse proteger, ou desistir de tudo pela pessoa que ama. Mais como "eu posso ter tudo o que eu quero". Arrogante, meio birrento. Ainda prefiro os Kimi ni Todoke da vida. E também sei porque não vi todos os filmes de Crepúsculo, o filme é paradão. Acontece alguma coisa a cada dez minutos par acordar a platéia. O resto é bem monótono. Imagino que seja por ser um livro em primeira pessoa, cheio demais de sentimento. Se tirarmos os floreios sentimentais não sobra muita coisa com que se trabalhar.

          E os relacionamentos estão todos bugados no filme. A família dele parece muito distante. A irmã dele era uma das personagens mais fáceis de gostar, e virou aquilo. Ohh também tem a cena do campo da flores, tão emblemática em Crepúsculo. Os dois presenteiam as mulheres com carros novos, para substituir os outros, um tanto duvidosos (fusca e picape velha). Os dois tocam piano.

          E o povo de direitos humanos nem pode reclamar dos três tapinhas que ele dá nela, pareceu muito pior no livro. E lembrando de cenas estranhas, a descrição da Bella de beijar o Edward é hilária porque, imagina beijar um cara que além de gelado, brilha?? E a autora faz parecer a melhor coisa do mundo. As feministas certamente não devem ficar nada felizes com essa submissão da mulher, exibida a milhões de telespectadores, que não vão, depois, entender a diferença entre consensual e assédio. Apesar de esse tema ser bem explorado no filme e no livro.

         Um ponto que achei pouco explorado nas Aventuras do Sr. Grey, foi seu passado traumático, e a forma como ele foge de ser tocado sob qualquer circunstância. Vamos lá, esse passado obscuro é o que mantém a história de pé. E esse é até um tema batido, lembro de uma história com um Sr. Roark, que era muito melhor. Romance policial. Até Freud era a favor de que traumas na infância podem causar comportamentos não muito bem aceitos na sociedade na vida adulta. Se bem que, quando será que nossa sociedade deixará de ser tão estupidamente hipócrita??

          Assisti ao segundo filme no cinema com colegas de trabalho. Coisa mais divertida do mundo. Um monte de mulheres reunidas gritando por besteira. Parecia mais comédia que qualquer outra coisa. E o Taylor é mais bonito que o Grey, e que voz!! Fiquei lembrando do Alfred em um dos filmes do Batman. Trocaram o dublador brasileiro, sabe-se lá porquê, e a voz do Batman ficou com o Alfred. 

          E acabou muito sem sentido. Lembrava que o drama com a outra submissa era no primeiro livro. Podia ter uns lobisomens, está faltando competição aqui. E é isso. Até porque não sei o que acontece no fim. Talvez o cliché de casar e ter filhos e então virar pessoas normais.

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