segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A Amoreira


Faz parte da coletânea de contos dos Irmãos Grimm. Em resumo:

Uma mulher estava casada a algum tempo e não conseguia ter um filho. Ao descascar uma maçã embaixo de uma amoreira no quintal de casa, cortou o dedo. Então pensou, muito triste, em como seria bom ter um filho tão branco quanto a neve que caía, e tão vermelho quanto seu sangue [é, lembra Branca de Neve...]. Um momento depois, ela é invadida por uma incrível felicidade. Volta para casa, e as luas se passam. Após nove meses, está muito adoentada devido a gravidez avançada, e pede ao marido para enterrá-la debaixo da amoreira, caso venha a morrer. O marido concede-lhe seu último desejo.

O marido chora durante alguns anos a perda da mulher. Mas seu pranto seca, e ele se casa novamente, e tem mais uma filha. A nova mulher ama sua filha infinitamente [ou não...], mas sente que o menino é um estorvo para a família, e passa a tratá-lo muito mal, até a esmurrar-lhe. Certo dia, a mulher dirigiu-se a dispensa, e sua filha lhe pediu uma maçã. As maçãs se encontravam dentro de uma caixa, com uma tampa muito pesada, e com uma cortante fechadura de ferro. A menina, chamada Marleninha, perguntou se não daria também uma maçã ao irmão. Ao que ela respondeu que a daria quando ele chegasse da escola.

Quando o garoto chegou em casa, a madrasta lhe disse para pegar uma maçã, dentro da caixa. Ele foi, e ao debruçar-se na caixa, a mulher foi tentada pelo demônio e paff!, deixou cair a tampa da caixa, decepando-lhe a cabeça. "Que farei agora?", pensou a mulher. Decidiu-se então por colocar o garoto sentado na sala, com um lenço a prender-lhe a cabeça ao tronco. Pouco depois, Marleninha apareceu a cozinha reclamando a mãe que o garoto não queria dar-lhe a maçã que tinha na mão. A mãe disse a ela que voltasse a sala, e caso o garoto não lhe desse a maçã, que ela lhe desse uma bofetada. Marleninha fez o que a mãe mandou, e logo voltou chorando, dizendo que havia arrancado a cabeça do irmão.

A mulher então disse que o único jeito era cozinhar o garoto em molho escabeche [adoro a lógica dos contos de fadas!!]. E foi o que fizeram. Ao chegar em casa, o marido perguntou pelo filho, ao que foi informado que este passaria alguns dias na casa de parentes. Ele não aprovou o fato do filho não ter se despedido, mas foi jantar. Achou a comida deliciosa, e comeu e comeu, jogando os ossos debaixo da mesa. Marleninha, que não parara de chorar, recolheu os ossos e os amarrou em um lenço de seda. Levou-os para fora, chorando lágrimas de sangue, e os enterrou sob a amoreira. A arvore começou a se mover, e desprendeu-se uma nuvem, dentro da qual parecia ter um fogo ardendo. De dentro das chamas saiu um passarinho. Marleninha sentiu-se aliviada e feliz, voltou para casa, sentou a mesa e comeu [!?!].

O pássaro voou para longe, indo pousar na casa de um ourives, cantando:

Minha mãe me matou, 
Meu pai me comeu, 
Minha irmã Marleninha
meus ossos juntou,
Num lenço de seda os amarrou, 
Debaixo da amoreira os ocultou, 
Piu, piu, que lindo pássaro sou!

O ourives achou o canto do pássaro maravilhoso, e pediu que cantasse novamente. Mas o pássaro disse que não cantava duas vezes de graça. Assim o ourives lhe deu de presente a corrente de ouro que tinha em mãos, e o pássaro repetiu a canção. O mesmo se passou na casa do sapateiro, que lhe deu um lindo par de sapatos vermelhos. E também no moinho, onde o moleiro lhe deu uma mó [que é cada uma do par de pedras duras, redondas e planas, com as quais são triturados os grãos nos moinhos].

O pássaro então voou para casa e pôs-se a cantar. O pai achou lindo o canto e saiu para poder ver o pássaro, enquanto a mulher se atormentava de medo e culpa, e Marleninha chorava. Logo voltou para casa dizendo que o pássaro lhe havia presentado com uma corrente de ouro. Marleninha também resolveu sair, e voltou com um lindo par de sapatos. A mulher, que sentia-se horrível, também saiu, pensando que talvez fosse se sentir melhor como os outros. Quando transpôs a soleira da porta, pac!, o pássaro lhe atirou na cabeça a pesada mó, que a esmigalhou.

Ao ouvir o barulho, o pai e Marleninha correram para fora. Viram então se desprender do solo fumaça e fogo, e quando tudo desapareceu, eis que surgiu o irmãozinho. Muito felizes, os três entraram em casa, sentaram-se a mesa e começaram a comer.

C.P.: Só a garotinha possui um nome na história. Meio bizarro, típica madrasta malvada, pai canibal, irmãzinha sinistra de estúpida [tipo vou dar um tapa em alguém, e a cabeça dele vai sair rolando...]. Ninguém parece achar a letra do canto estranha, e a mulher tem a cabeça esmigalhada, e todos voltam felizes para casa comer... [hehehe...]. Fora a parte em que a guria enterra os ossos e volta toda feliz para comer [o que há nessa comida??]. Já tinha visto essa musiquinha no anime Black Lagoon, os japoneses parecem adorar esses contos antigos [pelo menos os mangakás]. Sempre acho a versão dos Grimm melhor [meu lado psicopata pelo menos], mas a Disney também não é ruim.

2 comentários:

  1. Muito boa a história adorei!!! Também tem outros autores de "contos infantis" muito conhecidos como Giambattista Basile (Cinderela)e Charles Perrault (Chapeuzinho Vermelho)que eu gosto do estilo apesar de nunca ter encontrado essas versões em português, mas agora me animei a continuar procurando!!!

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    1. Ah, pois muito bem!!! Veja este site:

      http://contosdefadasehistoriastradicionais.blogspot.com.br/search/label/Cinderela

      Lá contém vários contos traduzidos, na versão integral!!!

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